domingo, 13 de julho de 2008

RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO


ALINHAVANDO IDÉIAS SOBRE:
O CONHECIMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO
A construção do conhecimento lógico matemático se faz a partir da vivência da criança, aliada às situações de desafio que lhe são colocadas, na escola e em casa. Sem dúvida, o jogo é um aliado importante nesta construção. Os estímulos que ele oferece na busca de estratégias, na resolução de problemas e no convívio harmonioso com os colegas por si só seriam indicativos da necessidade de seu uso.
Entendemos ser necessário que a construção e o desenvolvimento dos conhecimentos matemáticos na Educação Infantil ocorram a partir do conhecimento lógico da criança favorecido pelas possibilidades a ela oferecidas ao interagir com o meio físico e social. É importante e necessário que as crianças afetivamente incorporem os conceitos matemáticos, construindo, assim, a estrutura lógica de maneira sólida, tornando-se capazes de raciocinar logicamente numa ampla variedade de situações ou tarefas.
Aprender os números não é uma tarefa fácil para as crianças, pois a combinação dos mesmos é não aceitar regras e a seqüência é pouco flexível. Além dessas dificuldades, o número apresenta diferentes funções, isto é, diferentes leituras podem ser feitas a partir dele. O número pode se referir à quantidade de objetos, à representação de uma medida. Pode identificar uma
placa, um telefone. Portanto, para que a criança compreenda o conceito de número, é necessário que o professor apresente situações do cotidiano que possibilitem a construção desse conceito de modo natural, pois “devemos encorajar as crianças a pensarem sobre os números e quantidades de objetos, quando estes forem significativos”. (KAMII & DEVRIES, 1991, p. 31)
Observando essa realidade, vemos que é preciso que a
Educação Infantil oportunize a manipulação de objetos como um recurso indispensável para a compreensão e construção do número, como expressão de quantidade e de numeral como indicação de número. A criança, inicialmente, precisa interagir com os objetos, estabelecer relações entre eles, em função de suas qualidades (relação de semelhanças e diferenças) e qualificar coleções para, posteriormente, ser capaz de realizar a operação mental que parte das noções ou proposições simples para as mais complexas ou das partes para o todo, que permitem a consolidação da estrutura do número. Piaget (apud Kamii, 1991, p. 26) afirma que “o número é alguma coisa que cada ser humano constrói através da criação e coordenação das relações”. Esta afirmação permite percebermos que os alunos necessitam é de flexibilidade operatória de seus esquemas de assimilação e não tanto de respostas aprendidas e de memorização. Se a criança construir a sua própria estrutura lógica de pensamentos, tornar-se-á capaz de raciocinar logicamente em uma ampla variedade de tarefas. Contudo, se ela for “treinada” a dar respostas corretas, não podemos esperar que prossiga em direção a raciocínios matemáticos de níveis mais elevados.
É essencial que a criança aprenda a contar. Todavia, pesquisas demonstram que “a habilidade de dizer palavras numéricas é uma coisa e o uso da aptidão é bem outra coisa. ” (KAMII, 1991,p. 51)
A compreensão do conceito de número requer um longo
caminho para a criança percorrer. O professor poderá contribuir significativamente para essa compreensão criando situações para que a criança possa desenvolver suas habilidades. Para tanto, se torna relevante que o professor saiba os estágios de desenvolvimento lógico da criança. Nesse sentido, Piaget (apud BARROS, 1988, p. 87-95) coloca que, a marcha progressiva do pensamento passa por diversos estágios ,cada estágio sustenta
o estágio seguinte. Porém, o desenvolvimento não é linear
nem apenas quantitativo. Há rupturas no modo de pensar, mudanças de qualidade provocadas pelo desenvolvimento quantitativo de atividades. Por isso, as mensagens são interpretadas de modos diferentes em cada etapa de desenvolvimento da criança. Entender esse processo é fundamental para ensinar e aprender, considerando ser improdutivo e inconseqüente desenvolver atividades com as crianças que ainda não estão no estágio que favoreça as possibilidades para aprender.
Entendemos que somos seres diferentes e que não aprendemos todos ao mesmo tempo. Cada criança tem o seu próprio tempo. É importante saber a necessidade de o professor provocar situações que possam auxiliar a criança a progredir.
Desse modo, compreendemos a necessidade de uma correspondência entre o desenvolvimento psicogenético e as atividades propostas na escola, lembrando sempre que o pensamento cresce a partir de ações, ou seja, vai do concreto para o abstrato.

Trabalhando conservação
(Antecede o trabalho com númerais)


Conservação é a capacidade de compreender que certas
peculiaridades de um objeto são constantes, ainda que este tenha
a aparência transformada.
Por exemplo: 8 fichas azuis e 8 vermelhas.
O professor dispõe as fichas azuis em uma fila e as vermelhas
em outra; depois, modifica a disposição das fichas diante
dos olhos das crianças, espaçando-as em uma das fileiras. São
feitas, então, as seguintes perguntas: Existem tantas (o mesmo
número de) azuis quanto vermelhas ou há mais aqui (azul) ou mais aqui (vermelha)? Como é que você sabe?
Por meio da conservação, classificação e seriação, a criança
desenvolve as noções essenciais para a compreensão da idéia
de número. Portanto, é necessária a própria atividade no dia-a-dia
que propicie a aquisição de tais estruturas.
Kamii (1993) demonstra três tipos de conhecimentos: conhecimento físico, conhecimento lógico-matemático e conhecimento social.
O conhecimento físico é o conhecimento das características
do objeto. Essas características se encontram no próprio
objeto. Portanto, a criança adquiriu esse conhecimento por meio
da sua ação sobre os objetos. Exemplos dessas ações estão contidas na observação, na manipulação, no jogar, amassar, quebrar objetos. É por meio dessas ações que a criança vai descobrindo e construindo noções de tamanho, altura, espessura, densidade, cor, flexibilidade, entre outras.
Assim, a fonte do conhecimento físico é externa à criança.
Está no próprio objeto. Para construir esse tipo de conhecimento,
a criança irá focalizar uma determinada propriedade do objeto e
não dar atenção naquele momento às demais propriedades desse
objeto (por exemplo: focaliza-se na forma da bola, ignorando, naquele momento, para que serve, que cor tem).
Por outro lado, o conhecimento lógico-matemático se refere
às relações criadas pela criança entre os objetos. Por exemplo,
quando comparamos duas bolas de tamanhos diferentes, estabelecemos uma relação entre elas: uma bola pode ser maior ou menor que a outra. A diferença que existe entre elas não se encontra nem em uma nem em outra bola, mas sim na relação que criamos mentalmente entre elas. Portanto, a fonte de conhecimento lógico- matemático não se encontra no objeto, mas sim no próprio pensamento da criança. É uma fonte interna. Assim, para construir esse tipo de pensamento, é necessário que a criança estabeleça relação entre vários objetos. É por meio dessa assimilação que a criança cria noções de massa, volume, mais, menos, comprimento.
A noção de número (quantidade) também é conhecimento
lógico-matemático.
O nome e a escrita dos numerais se refere a um outro tipo
de conhecimento. Eles fazem parte do conhecimento social que é
adquirido por meio da transmissão social, da utilização da linguagem.
São valores, normas sociais, regras, nomes dos objetos que
a criança precisa saber para se integrar com o meio. Desenvolver
situações para as crianças apenas memorizarem, relacionando o
nome ao símbolo, saber escrever numerais, não dará condições
para que elas entendam os conceitos básicos e necessários para
a compreensão da construção do número. A compreensão do
número exige um longo caminho a ser percorrido pela criança.
Estudar os conceitos matemáticos, as estruturas lógicas,
faz parte de um processo contínuo na vida da criança. Por isso, é
fundamental considerar os aspectos afetivos, cognitivos e simbólicos necessários para que a criança possa pensar, sentir, agir, interagindo com o meio. Mas cabe a nós, professores, criarmos condições para que a troca de experiências, os significados e as idéias sejam construídos e compartilhados entre todos. Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo procedimentos para
atingirmos determinados objetivos.
-BOM TRABALHO-

5. REFERÊNCIAS
BARROS, Célia Silvia Guimarães. Pontos de psicologia do desenvolvimento.
São Paulo: Ática, 1988.
KAMII., Constance. A criança e o número. Campinas: Papirus,
1991.
______. A criança e o número: implicações educacionais da teoria
PIAGET para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. 17 ed.
São Paulo: Papirus, 1993.
______; DEVRIES, Retha. O conhecimento físico na educação
pré-escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
______. Reinventando a aritmética: implicações da Teoria de
Piaget. 6 ed. São Paulo: Papirus, 1992.

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